Eu penso nisso. Penso muito nisso.
Não fui uma profissional, não fui cátedra, não me doutorei, não me ascendi a nada, a não ser, ser mãe. Definitivamente, não tenho legado para ser discutido, lembrado ou compartilhado. Não criei uma história linda para ser narrada. Não construí nenhum castelo ou uma obra de arte para ser admirada. Eu penso nisso!
Apenas fui mãe.
E, chegando com vida e saúde em mais um final de ano, eu penso nisso.
Como dar sentido à minha vida sem que seja necessário exibir o que fiz quando eu me for?
Muitas pessoas acreditam que precisam ter seus nomes nos anais da história, mas eu não pensei nisso. Eu pensei que casar, criar as filhas, acompanhá-las, estar disponível à elas, isso seria a minha história. Agora, com ks anos e vendo numa outra perspectiva, foi muito pouco o que fiz. Poderia ter feito mais. Poderia ter feito mais por mim e não apenas por elas. Podia ter deixado elas com qualquer funcionária para ter minha vida profissional. Jamajs deveria ter deixado pra lá quando passei no concurso da escola para ser auxiliar de secretaria por não ter com quem deixar minhas filhas, uma vez que o pai ganhava bem e seria mais 'normal' eu cuidar delas. Seria tudo legal por eu ser mulher. Tudo estava mais fácil, mais cômodo, mais 'normal'.
E eu fui procrastinando (transitivo direto e intransitivo; transferir para outro dia ou deixar para depois; adiar, delongar, postergar, protrair) o que eu poderia ter feito em conjunto com minha vida de mãe.
Simplesmente, passou.
Mas minha vida não termina aqui, e eu espero ter um ano diferente, mais produtivo, mais dinâmico financeiramente, mais interessante. Eu desejo a mudança! Eu almejo a mudança!
E assim será!
Quero mudar o foco, quero colorir meus dias e noites com algo prazeroso e que nutra o meu insistente desejo de viver em paz e com saúde.
Para o próximo ano, vocês verão outra de mim.
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